segunda-feira, 23 de julho de 2012

Visão sobre a Telecegueira





            Orai sem cessar... colocai em primeiro lugar o Reino de Deus... o que comigo não junta, espalha... apartai-vos do mal...


O ser humano, dado sua composição cerebral, tem a capacidade racional limitada, sendo, segundo autores das ciências humanas e psicológicas, mais simbólico do que racional. Isto é, a imagem captada pela visão é chegada ao processo pensante antes da capacidade de análise lógica concretizar-se. Melhor dizendo, a imagem que a retina dos olhos humanos registram, é levada ao cérebro, e mesmo antes de ser processada/analisada/esmiuçada, ela já espalhou-se como um pó jogado no ventilador, já corre pelos neurônios que dão os comandos à medula, já corre pela adrenalina que faz bater o coração, já está produzindo gestos, atitudes, desejos, decisões... E tu ainda nem teve o tempo necessário para entendê-la direito.
            Não é à toa que a Mídia tornou-se o quarto poder, porque faz uso do conhecimento sobre este detalhe do intelecto humano, e trabalha utilizando-se de uma imagem manuseada intencionalmente para produzir no telespectador, uma atitude, uma resposta, matematicamente calculada, com o objetivo de atingir um resultado pré determinado e favorável a eles mesmos. Vantajoso para eles mesmos.
            Enquanto a mídia sabe e usa o meu povo, o ...”meu povo se perde por falta de entendimento.”
            Deus é espírito, a retina dos nossos olhos, limitadas, não conseguem registrar Deus, nem nosso cérebro, subutilizado, consegue processá-lo, por isso Ele fala ao nosso coração, e somente conseguimos encontrá-lo quando o buscamos de olhos fechados.
            Deus foi me pedindo aos poucos que eu desligasse a TV. Na realidade eu creio que Ele falou numa vez só. Eu que entendi aos poucos.
            Sueli, tu vais ler doutores do comportamento humano, tu vais saber como se processa o preconceito, a manipulação, o abuso de poder, o egoísmo que impera e degenera as relações humanas, esmiuçado pelas ciências des(humanas). Como a coisificação do ser humano tem sido servido como um prato e comido através dos meios de “comunipulação” (misto de comunicação com manipulação), e passado a ser visto e sentido como natural. Exemplo disso são certos ícones criados e “socados goela abaixo”, mas de forma tão suave que não nos damos conta: Por exemplo, o mito de que o homem tem que ser sarado, e de que a mulher pra ser bonita tem que ser magra. (Se perguntarmos aos homens, e eles forem sinceros, eles vão responder que preferem abraçar uma mulher que tenha um pouco de carne sobre os ossos ao invés de um corpo só carne-e-osso). Mesmo assim continua a valer o mito da magésima.
            Em frente da TV toda mulher quer ser uma Naomi, e todo homem um Zulu.
            E ai? onde é que eu e tu entramos? Quando será nossa vez?
            Gordinhos, pretos, desdentados, mal-vestidos... vão ficando de fora. Não servem.
            O que e como se criou esta realidade aceita inclusive pelos cristãos? Foi a mídia: todo dia um pedacinho, uma pitadinha aqui, um comentariozinho ali, uma oportunidade única lá... E tá criada uma imagem para ser oferecida, como um banquete. Diabólico. Bem do jeito que o diabo gosta. Este é o hoby dele.
            E tu come dele. E nem vê. E o nome daquilo é TeVê. Vê o quê? Se tu não tem a capacidade de processar racionalmente as imagens que são mostradas/ou não aos teus olhos, refletidas por aquele quadradinho?
            Como o mundo jaz no maligno, a TV eu comparo com aquele quadrinho de vidro que tem no caixão, para que possamos ver a cara do morto. Do mundo morto.
            Jesus disse que o diabo veio para roubar, matar e destruir: o quadradinho da TV só mostra o serviço bem feito, bem acabado, de alta qualidade que o diabo tem prestado. Ele é mestre nisto. Como a programação de TV é sustentada por altas somas de dinheiro, quem sustenta esta programação, com raríssimas exceções, está nas mãos dele.
            Sueli, parece somente um detalhizinho bobo, mas tu já analisou quem são os produtores de aparelhos de TV, que os sofisticam a cada dia, e é plana, e é plasma, e é o diaba 4? Claro, quanto mais nítida for a imagem da roubalheira, da matança e da destruição do inimigo, menos eficiente vai parecer a minha palavra, quieta, deitada nas páginas de um livro: Como é que um livro vai competir com uma tela plana 42 polegadas, Sueli? Mas quero que tu escrevas isto, porque disso eu pedirei contas, também. Os asiáticos, que a produzem, que não me conhecem, que matam ainda hoje aqueles que levanto para lhes pregar a minha verdade, que adoram mais de 300 milhões de diferentes demônios, são estes que produzem aquele quadradinho que o meu povo gasta a cada ano seu 13 salário com o último modelo.
            Sueli, desliga esta coisa. Não há detalhe bobo. Bobo, é quem pensa que há.
            Ter desligado a TV foi a melhor coisa que Deus fez dentro da minha casa, porque quando eu desliguei a TV e apaguei toda mídia que mostrava a obra do maligno, Deus começou a se mostrar pra mim dentro da minha casa de forma tal,  que mudou minha vida, e tem transformado a minha espiritualidade, alargado meu entendimento, me levado aos mistérios de Deus.
            Sueli, eu quero abençoar tua casa, tudo nela vai falar de mim, dos meus mistérios: desligue a TV... Sim, Senhor. Jogue fora Cds, livros, remédios, revistas, qualquer coisa que fale do que meu inimigo tem feito... Sim Senhor
            Sueli, posso me assentar a tua mesa contigo? ... Claro, Senhor. Nela, nunca mais faltará nada, pelo contrário, colocarei alimento noutras mesas através de ti...Obrigada, Senhor.
            Sueli, na tua casa muitos virão se alimentar de mim, e aqui muitos banquetes serão servidos... Aleluia, Senhor.
            Sueli, a minha palavra diz que eu preparo as mãos para a batalha e os dedos para a guerra, não diz?  Sim. Então, o que queres que eu te ensine? Senhor, que eu saiba restaurar os objetos que se deteriorarem nela. Mais alguma coisa? Sim, e que eu saiba mexer nas instalações elétricas e na hidráulica. Pois não. E quero saber costurar. Sim, e o que mais? E cozinhar, Senhor. Eu estive 40 anos num deserto, Senhor. Mas eu sou a fonte onde podes beber, Sueli. Obrigada, Senhor.
            Senhor, me ensina a trabalhar de pedreiro? Sim, para esta quantidade de cimento use esta medida de areia...Isto, mexa sempre neste sentido. E rebocar, Senhor? Claro... E trocar o gás? Também. E pintar paredes de alvenaria e madeira? Idem. Mas este balde tá pesado. Eu te sustento, Sueli...
            Posso escrever sobre nossas conversas, Senhor? Me faças este favor, Sueli.
            Senhor, posso te perguntar sobre as coisas que não entendo? Para isto estou aqui, Sueli.
            Senhor, será que se colocássemos uma televisão ligada numa programação qualquer, num canto da igreja, num momento de culto, haveria o mover do teu Santo Espírito?  Sueli, eu posso todas as coisas, mas nem todas as coisas me convém.
            O Senhor gosta de mim, Senhor? Te responderei com uma pergunta: Como você quer que a tua filha seja? Que ela ande nos teus caminhos, Senhor. Eu farei dela uma filha como tu nunca viu outra mãe ter igual ou melhor... Te agradeço, Senhor... Eu sei, Sueli. Eu nunca tiro meus olhos de ti.
            Sueli, o que dizes que eu sou? A tua Palavra diz que És Bom, Justo, Fiel e Misericordioso. E eu creio. Eu quero que lembres disso também nas horas ruins, Sueli... Sim, Senhor, eu tenho lembrado, porque nas boas, eu perco as palavras...
            Sueli, eu quero que tu presenteie a Irmã Clair com tua cadeira de balanço. Mas Senhor, aquela cadeira é uma peça rara, é de imbuia e antiga; é o móvel que eu mais gosto e todos que vem aqui em casa gostam tanto de sentar nela... Sueli, pegue um carinho de mão e leva ela... Mas, Senhor... Sueli, tu tens saúde, tu tens a mim... Eu também entreguei o que eu mais amava por ti...
            Sueli, tu podes dar glória pelas coisas que tenho feito na tua vida?  Pode ser aqui em casa, mesmo? Enquanto estendo a roupa no varal? Sim. Permita-me, Senhor.
            Eu secarei toda a tua lágrima, Sueli, e o teu choro de hoje em diante vai ser de regozijo, porque a minha palavra diz que em mim deves alegrar-se e regozijar-se. Me alegro em ti, Senhor.
            Sueli, tu te envergonhas de mim? Não, Senhor. Nem mesmo diante das piadinhas dos teus colegas ao meu respeito? Me dê o discernimento necessário para até neste momento mostrar quem tu verdadeiramente és. Farei isto Sueli. 
            Sueli, tu achas que eu demoro a responder as tuas perguntas? Não, Senhor, eu é que demoro para entender tuas respostas, pai.
            Sueli, tu podes dançar para mim? Eu, Senhor? Mas não sou gorda demais? Sueli, meus pensamentos não são como os teus. Então posso, Senhor. Mas tire todos os teus anéis e pulseiras, Sueli, brilham e batem muito. E os brincos. Não pinte mais as unhas. Fique o mais parecida possível contigo mesma. Santifique seu corpo e alma pra mim. E teus pensamentos e sentimentos, também. Jejue e me coloque em primeiro lugar na tua vida. Sim, Senhor.  
            Senhor, porque eu não vejo outras pessoas dançarem pra ti? Sueli, as pessoas tem um pouco de constrangimento, e usam roupas e saltos que lhes deixam os pés desconfortáveis, e os movimentos tolhidos.
            Sueli, tu entendes porque a tua mãe sempre te tratou de modo “esquisito”? Porque ela não te conhece? Sim, mas principalmente porque eu quis assim, para que tu resultasses na pessoa como eu quero. Sueli, todas as coisas contribuem para um fim do jeito que eu quero. Você pode dar glória a mim porque a tua mãe agiu assim? Sim, Senhor, eu dou. E me agradeça também por todas as outras. Nem um mosquito cruzou contigo que não fosse pela minha vontade. Aprende uma coisa, definitivamente, Sueli: Eu sou alguém que gosto de controlar: tu és livre para decidir por mim ou não, mas se você usar a inteligência que eu te dei, você vai querer decidir estar comigo e não com o meu adversário, porque até ele está na minha mão. Ele só faz até onde eu permito. As maldades, os ataques, a natureza incansável dele em desfazer o que eu faço, eu mesmo criei isto para que justamente isto viesse fortalecer, aprimorar aquilo que eu criei para o meu prazer, porque ele na maldade dele sabe o que me dá prazer, e tentando destruir aquilo que me agrada mais, vai desenvolver de forma espetacular a criatura que eu quero tornar perfeita: o ouro e a prata são depurados no fogo, Sueli, de outra forma eles não teriam resistência, nem valor algum. Senhor, a tua inteligência e perfeição me fascinam, o Senhor é mais detalhista do que todas as pessoas detalhistas, que eu confesso, até não gostava muito. Sueli, eu sou o detalhe em pessoa, porque faço todas as coisas. Eu sou a palavra em pessoa, como é que tu algum dia pensou que eu não falava o tempo todo?  
            Sueli... Sim? Eu quero que saibas como eu quero que me prestes culto. Sim? Num culto eu quero que tu feche os teus olhos, para que veja a mim e não ao pregador...olhe somente pra mim, esquece o resto, para não pecar contra mim. E me adore todo o tempo. Se quiseres me pedir alguma coisa, desliga tua TV em casa, e me peça. Guarda o culto para me dar culto. Não repare em nada. De preferência, sente nos cantos onde é mais calmo. Não faça opinião ou critique nada, porque lá tudo é para mim, eu sempre estou lá. Lá tudo é pra mim, erra aquele que olha com os olhos da cara querendo me ver: Eu recebo o que é meu, eu julgo e ninguém mais.
            Sueli, eu quero que no culto tu abraces o “Bicudo”. Mas ele tem cheiro de cigarro, Senhor. Abrace ele, Sueli, porque eu quero que ele se sinta amado, e ele vai se sentir querido e sempre vai querer te abraçar também. Tá, Senhor, eu abraço.
            Sueli, o que tu achaste do abraço do teu irmão “Bicudo”? São abraços especiais demais, Senhor, é uma mistura temperada de abraço de pai, mas com a ternura de mãe. Estás arrependida por fazer minha vontade, filha? Não Senhor. Sueli, aprende uma coisa: Eu sempre uso as coisas loucas para confundir as que pensam que são. Estarás sempre por perto daqueles que são mais esquecidos. Te fiz pra isto, também. Obrigado, Senhor. 
            Senhor, porque tem dentro da Igreja irmãos tão fracos na fé, convivendo com os demais? Para que a Igreja saiba que sem a minha presença não é nada, como nada no mundo é alguma coisa sem mim. E que precisa de mim.
            Senhor, porque tem irmãos doentes na igreja, que inclusive pregam que o    Senhor cura? Sueli, eu tento entrar na casa deles, mas eles ainda não desligaram a TV. Eles lêem Isaias 53, na Igreja, mas a TV lhes manda direto pro médico e pra farmácia quando o inimigo os ataca. Eles me deixam falando sozinho, pois eles ligam a TV na minha cara. Eles até sabem que a minha palavra é poder, mas o inimigo os impede de exercitar este poder. Sueli, você tem que estar comigo ligado e ligado em mim para exercitar o meu poder. O meu poder é para aqueles que querem. Que querem acima de tudo, contra a dúvida, contra suas opiniões, sua cultura, sua raça, suas limitações, seus medos. Meu poder se exercita naqueles que não se envergonham de mim, de fazer tudo que eu mandar. Tu podes glorificar meu nome na igreja, por isso? Sim Senhor, mas será que não vão pensar que estou glorificando demais? A estes já tem quem os julgue, Sueli. Todo o poder me foi dado no céu e na terra. Eu uso, eu exalto quem eu quero. Eu sou o Senhor do culto. Eu quero que o nome de Jesus seja exaltado, mas tem filhos que preferem exaltar o nome que a ciência colocou nas doenças criadas pelo inimigo. Sueli, somente no dia que esgotares o entendimento do poder que há no nome JESUS, somente quando e se este nome se tornar insuficiente, e isto jamais acontecerá, porque eu sou a verdade, e eu digo na minha palavra que estarei contigo todos os dias até o fim dos séculos e que esta palavra jamais passará, isto é, jamais perderá a validade, jamais deixará de funcionar, porque eu sou um Deus que funciona. Somente aí eu aceitarei que meus filhos conheçam e entendam de outros nomes mais do que o nome JESUS.   
            Sueli para saber mais de mim, tu tens que me querer na tua vida , mas com toda a tua inteligência, toda a tua alma e com teu coração. Certo, Senhor.
            O meu chefe falou que sempre estou rouca nas segundas-feiras, Senhor. Sueli, peça misericórdia por ele, ele tem estado cada vez mais tempo nas mesas de bar. Ele sente saudades de mim, de quando estávamos juntos no principio do começo. Eu gosto dele, mas tem uma TV ligada, naquele bar, Sueli. Que pena, Senhor.
           Sueli, eu demoro pra te dar resposta? Nunca, Senhor.
            Sueli, eu quero que quando voltares das férias, leve todos os dias alguma coisa para aquela moça que fica mendigando na estação rodoviária. Mas, porque Senhor? Porque que ela não vai trabalhar, Senhor? Só faça o que estou mandando. Não queira me entender, Sueli. Meus pensamentos não são teus pensamentos. Sempre que eu te mandar fazer alguma coisa, e tu fizeres, tu vais aprender grandes segredos, que eu revelo somente aos meus, através daquilo. A única moeda aceitável aqui no céu é a obediência. O maior segredo é obedecer.(Descobri, depois, a moça estava grávida)
            Sueli, você entende agora a minha palavra, quando eu digo que escolho os meus, antes do ventre materno? Sim, Senhor. Contigo também foi assim, Sueli. Tua mãe, já com seis filhos nascidos em casa, quando tu foste nascer o inimigo tentou te matar, e ela precisou ficar muito tempo internada num hospital antes do parto. Com poucos meses de vida fostes jogada barranco abaixo dentro dum carrinho de mão. O inimigo tentou cegar teus olhos com um tição em brasa, quando eras bebê de colo. Tu sofreste um acidente de moto à 110 Km/h, sem nenhum arranhão. Ias pra aula em criança com uma bicicleta velha, sem freio, e todo dia cruzavas duas vezes os trilhos do trem. Quantas vezes o maquinista apitou pra ti? Tu viste, Senhor? Se eu vi? Há octilhões de anos eu Sou, e te escolhi. 
            Com a Manu também foi assim, Sueli. Porque tu achas que mesmo tendo tido rubéola na gravidez, perdido 14 kg, pressão arterial constante em torno de 4X2; 6X4 ela é sadia? E tu já analisastes quantas vezes o inimigo tentou tirá-la de ti? Não via assim, Senhor. Pois eu te digo que foram dezenas e dezenas de investidas para tirá-la de ti, algumas quando ela estava ainda dentro da tua barriga, e depois na boca de cada pessoa que te pediu ela, e de outras que não te pediram diretamente, mas tentaram manipular a vontade dela para que se afastasse de ti. Porém Eu sou o teu Deus, e sou fiel a minha palavra que diz que é minha é a causa dos órfãos e das viúvas, e me agradou que tivesses uma filha segundo o desejo do teu coração. Senhor, agora entendo porque o Senhor estava sempre com Davi.
            Você acha que eu te levo para o deserto, filha? Se o Senhor leva, alguns até dizem, mas comigo não tem sido assim.
            Senhor, eu sempre pensava que a minha conversão houvesse começado quando assisti a pregação do missionário Josué Irion. Porém hoje, no culto, o Senhor me deu o entendimento de que foi através da Manu, quando ela ainda era uma criança, e mesmo o pai dela tendo-a renegado como filha perante a justiça dos homens, ela, ainda assim continuava a tratá-lo com o mesmo amor desinteressado e puro. Ali eu percebi que ela era uma “caixa-preta” sobre os mistérios do Senhor, pra mim. O Senhor é verdadeiramente um Deus que o Aurélio inteiro não explica.
            Você sente falta da televisão? Não brinque comigo, Senhor, prefiro a programação exclusiva que o Senhor tem pra mim, e que com certeza deves ter uma para cada um de nós.Eu já posso aproveitar a minha.
            Sueli, você está vendo aquela pessoa ali na fila do teu caixa? Eu quero que diga a ela alguma coisa sobre mim. Mas o quê, Senhor? Tu vais saber, no momento.
            Sueli, você viu que ela saiu chorando? Hoje eu visitei aquela vida. Glória a ti, Senhor.
            Sueli, você acha que eu sou alguém que levo meus filhos pro deserto? Não. Eu entendo que há um deserto de entendimento sobre a tua pessoa. Eu entendo que há um deserto que separa o mundo em que eu vivia de ti, Senhor, mas que tua nuvem tem me protegido de dia, e teu fogo me aquecido à noite, enquanto estou indo para perto de ti. Deserto era não te conhecer, Senhor. Te conhecendo sei que não estou só, e tua presença constante é oásis para mim.
            Sueli, tu és uma seva inútil... Perdão, Senhor.
            Senhor, me disseram hoje que eu estou ficando fanática, mas lendo Marcos eu percebo que Jesus viajava a teu serviço, constantemente, não tendo tempo nem de comer, inclusive, nem travesseiro para descansar a cabeça. Sueli, o fanático não tem consciência de si e do seu exterior. Eu tenho te dado o discernimento necessário para operacionalizar a fé que eu tenho te dado. Desde tua conversão tua vida tem melhorado sob todos os aspectos. Hoje a tua oração não tem nenhum pedido para ti mesma, pois tenho de dado tudo. Somente tens pedido para os outros. Eu te dei uma casa muitas vezes melhor da que tu querias, tu tens mais estudo do que me pedistes, numa das melhores universidades do mundo, trabalhas numa das melhores empresas do país, num horário que tu dormes tudo que precisas, sentada, com ar condicionado, plano de saúde... e colegas que te gostam como tu és. A tua filha eu escolhi com gosto, teu genro eu mesmo o fiz assim. Tu gosta de passarinhos e de natureza, não é? Olha pela janela, Sueli: Tu vês aquele sabiá? O canto dele vai te alegrar nesta manhã. Senhor, ajuda-me na minha pouca fé. Sueli, aquela mesma pessoa vai te pedir perdão, e vai te pedir que ensines a ela como glorificar. Ela não sabe que sou eu que faço conforme o meu querer. Ela olha TV noite adentro. (Eu ia escrever noite a fora, mas na realidade esta pessoa esta entrando numa escuridão, e não saindo dela).
            Sueli, eu quero te pedir uma coisa: somente peça oração aos irmãos após esgotar horas de jejum e oração. Mas, Senhor, quando eu estiver enfraquecendo, o que eu faço? Jejua um pouco mais...Ore um pouco mais... Chore um pouco mais...
            Sueli, eu preciso que vá até um determinado endereço, tem alguém lá querendo acabar com a própria vida, e eu quero que ele saiba que eu dei a minha vida por ele... Mas agora, Senhor? Tá chovendo muito e está frio... Sueli, eu até queria mandar outra pessoa que more mais perto, mas nas casas as Tvs estão ligadas e não me ouviram. Eu vou, Senhor.
            Senhor, porque aquela criança está na cadeira de rodas? Olhe a tua volta neste trem. Estou olhando, Senhor. Quantas pessoas tem aqui? Centenas, Senhor. Quantas estão em cadeira de rodas? Somente uma, Senhor. Sueli, podes me agradecer pela minha misericórdia?...Aleluia. Sueli...Sim, Senhor. Tu podes orar por aquela criança e aquela mãe? Sim, posso. Ore para que ela entenda que eu olho para o coração, não pra carne.Daquela carne os vermes tratarão, bem como das demais aqui presentes, mas aquele espírito já é meu. Que eu estou com aquela criança, o espírito dela me agrada, e não se perderá... Glória a ti, Senhor, porque estás no controle de todas as coisas.   
            Senhor, porque aquele irmão faz orações pelos filhos, mas os deixa na parada de ônibus nas noites chuvosas de inverno, passando por eles dentro do seu automóvel quentinho? Sueli, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa: Eu amo aquele meu filho de tal maneira que além de mandar meu filho morrer por ele, também lhe dei aquele carro bom, para que ele possa conduzir os irmãos dele pelos quais meu filho morreu também. Mas é que ele ainda não me aceitou em seu coração como pai. Ele sabe que sou, sabe que o amo. Mas sabe de ouvir falar, de ler nas escrituras. Ele tem vergonha de se deixar amar. Ele pensa que não merece ser amado simplesmente pelo que ele é. Ele sofreu com a falta de amor dos homens, ele pensa que pode sofrer de novo. Ele criou em torno de si um escudo de proteção, porque ele foi machucado a vida toda. O inimigo não permite que ele demonstre o grande amor que sente pelos filhos. Ele tem um grande amor para dar e não sabe como fazer. Ele é como tu já foi, filha. Mas não toque nele, Não machuque ele ainda mais. Ele é meu filho muito amado, eu o fiz assim para a diminuição do sofrimento de muitos. Aprenda uma coisa, Sueli: Em meu nome expulsarão demônios. Mas o que rebenta com o inferno é ter amor, e demonstrar este amor, é amar. É rasgar o coração amando. O que tem que tu vais parecer um bobo, uma boba, babando em cima dos filhos, dos netos, dos mendigos podres, fedorentos? Quem faz a tua nota, quem te avalia sou eu. O teu conselho de classe é formado só por mim. Se tu não exercitar o meu maior mandamento tu não vai mudar de colégio, tu não vai para minha universidade particular. Tu acha que eu criei este mandamento só pra bonito? Porque eu não tinha o que fazer? Não, porque eu sei todas as coisas, e eu criei o coração de todos vocês com capacidade de amar. Portanto, não me vem chorar nos meus ouvidos, naquele dia, porque somente no dia de hoje colocarei centenas e centenas de instantes possíveis de você exercitar esta minha ordem. Como é que queres me chamar de Senhor, se não obedece a minha principal ordem? Então o teu senhor passa a ser tu mesmo. Sueli ame as pessoas. Te esforce para isto. O meu Reino é conquistado com muito esforço. Se tu não aprender a abraçar os filhos que saíram das tuas entranhas, como vais querer entender de mim, do meu amor?  Eu amo aquele filho, ame ele também, Sueli. Eu amo, Senhor. E eu gosto nele o modo carinhoso com que ele gosta da Manu. Me alegra quando as pessoas gostam da minha filha. Sueli, então tu entendes como me sinto quando alguém gosta do meu primogênito? Senhor, aumenta nosso amor, Senhor.
            Eu sempre faço conforme o tamanho do teu querer, filha.
            O segredo para as coisas acontecerem é o querer em forma de vontade. Por exemplo, se você está com sede, você sente vontade de tomar água. No Reino de Deus as coisas acontecem como neste exemplo: Se você tem sede de água, vontade por água, não adianta eu te oferecer um buquê de flores, não vai substituir aquela vontade, não vai saciá-la. Não adianta eu oferecer um banquete refinado, tu vais continuar desejando a água. E conforme o tamanho da tua sede, e a situação que estiveres, como alguém num deserto, nem mesmo um automóvel, um diamante... poderá acabar com a vontade de tomar água. Quando a sede é muito grande, a vontade também é. O querer é a vontade colocada como que numa máquina capaz de produzir. O querer é a vontade capaz de ser posta em ação, capaz de produzir a atitude de encontrar a água. Por isso Jesus perguntava para as pessoas antes de realizar o milagre que elas esperavam: “O que queres que te faça?”, porque é o querer que operacionaliza o acontecer de fato e de verdade.

“Meninas boazinhas vão para o céu; as outras vão à luta”.


Nós fazemos diferentes leituras das informações que nos chegam/são impostas.
            Na realidade somos o produto do processamento que fizermos dessas informações. Somos influenciados e influenciamos através delas. Nossos conceitos, nossos valores dependem da forma/maneira como este processo se dá em nós.
            Tudo que somos foi criado/adestrado/domado pelo que estas informações marcaram em nós.Ninguém nasce pronto. Nós somos seres em constante formação e aprimoramento.
            Abra teus olhos para a forma como você está fazendo/se deixando fazer a leitura destas informações, pois tu és sujeito responsável pelo resultado do processo.
            Na última campanha por aumento salarial da categoria dos bancários, minha colega, que é Delegada Sindical, vestia uma camiseta feito uma bandeira, que dizia assim:      


            “Meninas boazinhas vão para o céu; as outras vão à luta”.

            Analisando a informação, podemos concluir:
           
            1- Primeiro:
            Quando o jovem rico dirigiu-se a Jesus Cristo dizendo: “Bom homem”, Jesus retrucou: “Porque me chamas “Bom?”. Bom é meu Pai que está no céu. ( Mc. 10:17,18)
            Então, se nem mesmo o Senhor Jesus se julgava digno de ser chamado de bom, eu creio que dificilmente encontraríamos alguém que merecesse este adjetivo; porque tudo que somos e fizemos é pela graça de Deus.

            1.a- Importantíssimo:
             A salvação não resulta de obras (não adianta e nem basta ser boazinha). Ninguém será salvo porque é bom, como certos religiosos pregam. A Bíblia Sagrada, que é a palavra de Deus, a vontade e verdade de Deus, que tudo criou, nos diz declaradamente que a salvação (Ir pro céu) é dom de Deus. Ele que concede, segundo sua vontade, e é para aqueles que aceitam seu filho, Jesus Cristo como ÚNICO e SUFICIENTE salvador.  
            Ora, então qualquer um que não for cristão (Cristão é aquele que baseia sua vida/atitudes/conceitos/falar/deitar/etc em Jesus Cristo - Não de qualquer forma, não no achômetro, não através da ciência, meditação, ou qualquer outra coisa que possamos imaginar; mas conforme a Escritura, isto é, a Bíblia Sagrada), não irá para o céu, não terá a salvação eterna.
            Não adianta você que lê, ficar brabo comigo, achar que é meu ponto de vista/radicalismo. Eu só estou te dizendo o que está escrito na palavra de Deus. Não fui eu que escrevi a palavra de Deus, eu apenas a leio. Não é uma questão de concordar ou não, foi Deus quem escreveu. Se você não consegue entender ou concordar, fale com Ele. Ele vai te dizer todas as coisas que você precisa saber.
            Não adianta você fazer todos os cursos universitários, presencial ou a distância: você só vai saber a verdade quando Deus falar contigo. Ele tem tentado, mas cada vez que Ele vai dizer alguma coisa você levanta um argumento por medo de se deixar envolver. Perca o medo, esta voz que tem falado lá dentro de ti é para ser levada a sério. Abra teu coração, pois vai haver um momento que só sobrará ela.             

            2-Segundo:
            A história de Cristo foi uma história de luta contra as injustiças/falta de amor/sofrimentos deste mundo. Ele disse: “No mundo tereis tribulações. Mas não se turve o vosso coração:Eu venci o mundo” ( Jo. 16:33),
            Lendo as escrituras podemos perceber que Cristo não descansava, vivia em constante luta contra o reino contrário. Ele chegou a dizer: “O mundo jaz no maligno”.Ele passou todo o tempo curando doentes, libertando pessoas das trevas da falta de conhecimento, da opressão de demônios.
            O que você acha que tem nas pessoas que tem bipolaridade/stresse?
            Cristo passou mais de 40% do seu tempo tirando demônio das pessoas. Tu achas que os demônios “se acabaram-se” em nossos dias? Então comece a falar com as pessoas. Mas comece a falar/aproximar-se das pessoas. Não como nos encontros  de luluzinha. Vá descobrir o que elas tem lá dentro delas, e aí tu vais ver o que elas tem pra te dizer.
            A Bíblia diz que três dias após sua morte, Jesus subiu aos céus, e assentou-se à direita de Deus (lugar da maior honra).

            3- Conclusão:
           
            Concluímos então que, não é possível subir ao céu sem muita luta. Luta diária e constante.
            Que, quando estamos no mundo (conjunto das coisas/crenças/atitudes, contrárias ao que Jesus pregava), nós levantamos bandeiras vazias. Lemos frases que falam de abismos, cuidando que sejam montanhas.
            Na verdade, antes de termos o entendimento sobre as verdades de Cristo, dentro de nós habita um deserto (só que sem sol, nem estrelas. Nem serpentes - um deserto de tudo) Jesus sabia do deserto que habita dentro das pessoas, Ele não esqueceu de nenhum detalhe, Ele deixou dito: Eu Sou a fonte da água viva; quem  beber de mim jamais terá sede (Ele veio para substituir/umedecer/transbordar este deserto).(Jo. 7:37,38)
            Vem pra Cristo, você também

Ao mestre, com carinho





            Para Aurealice Chachin Bess - minha primeira professora.


Quando os outros saiam para a escola, eu ficava em casa com os brinquedos.Tinha os balanços na figueira, com as cordas trançadas de cipó São João; a peteca com as penas roubadas do rabo do Galo Vermelho; as pernas de pau, que na verdade eram de bambu; o arco-e-flecha enfeitado de penas de angola, e também as canoas trazidas dos coqueiros do Seu Juca, para se brincar nas barrancas de capim. Tudo adaptado pela manufatura criativa do mano Salvador.
            Porém, o brinquedo predileto eram meus boizinhos de vidro. Aproveitamento das vacinas contra Aftosa, aplicadas nas vacas do tambo de leite do Teneco, e que eu mantinha cuidadosamente presos em currais cercados com cordão de palha de milho e taquara, com tanque de pedra pra água e capim cortado de fresco.
            Tinha também aquele campeonato interno e secreto de procurar os ninhos das galinhas, patas e angolas do terreiro; onde a disputa era intensa e constante.
              Mas eu queria mesmo, era ir pra escola. Descortinar aquele mundo que havia por trás dos cadernos deles, no burburinho deles ao redor da mesa, durante o tema, enquanto eu ficava em torno, quando aprendi a ler por volta dos quatro anos de idade.
            Lia os livros da casa: Manual das Técnicas do Apicultor, O Poder do Pensamento Positivo, (e um brinco de livro - trazido pelo dono das terras: Gal Mário Fonseca, que andava sempre de botas de cano alto, de forma que meus olhos ficavam à altura das fivelas - intitulado: O Cãozinho Brincalhão. Com linda capa e ilustrações, devo tê-lo lido todos os dias durante muito tempo).
            No meu sexto aniversário entrei para a escola. Eu já havia estado lá, na inauguração, quando o então prefeito da cidade, Sr. Arno Juliano, todo enfatiotado, e com grossas lentes, mãos cruzadas às costas, firmando o corpo, ora nos calcanhares, ora na ponta dos pés, pronunciara um complicado discurso em torno da questão do “saber”, o que me deixou matutando sobre aquilo.
            Em madeira, pintada de verde e amarelo (era o militarismo de 1968), não tinha água encanada nem sanitários. Na frente subia uma pequena escada que conduzia até uma área gradeada, que dava para as portas das duas salas-de-aula, a da secretaria e a da cozinha.
            O assoalho desta área era sarrafeado, com frestas por onde se enxergava o porão. Por medo de cair por entre elas, fazia com que minha primeira professora me buscasse no colo, para a sala-de-aula, até o dia em que ela conseguiu me convencer do contrário.
            Era maternal, e acho que gostou de mim imediatamente, como eu também gostei dela.
            Tinha um carinho natural, e uma paciência que estavam nela, muito diferentes daquilo que eu estava acostumada.
            Minha mãe, eu lembro de estar sempre atrás dela (não lembro dela me perceber). Ia com ela para a roça. Arrancava aipim, batata. Levava o balaio e a enxada pra ela.
            Ia com ela pra fonte. Ficava sentada num cepo de pau olhando ela lavar a roupa. Ela batia e esfregava a roupa. Muita roupa...a espuma se formando...
            “Pega o anil”. “Tráz o sabão”. “Tira a roupa da cerca”. “Molha a roupa do quarador”.
            Na talha de pedra, cabiam quatorze baldes: “Encha a talha”. O mato era distante: “Cata lenha”. “Faz o fogo”. O pasto era longe: “Dá água pro gado”. “Leva os bois pra soga”.
            Os colchões das camas eram de palha de milho picadas: “Mecha as camas”.
            Os irmãos eram muitos: “Faz teu irmão dormir”; “Lava a Sued”; “Dá o bico pra Sandra”; “Embala o nenê”.
            O comércio era longe: “Vá na venda”. Penoso não era subir lomba por 2h. Difícil, mesmo, era colocar sobre o balcão a notinha amassada do fiado, e suportar o olhar do Seu Bibi, para ela, enquanto analisava mentalmente o crédito (a colheita da roça era semestral). Eu ficava encolhida esperando, duvidando: “será?” (será que ele vai me perguntar:... “e o teu pai? quando vem acertar?”; será que vai me deixar levar? e se não deixar levar, o quê que eu digo em casa? Será?).
            Minha mãe colocava as panelas na grande mesa de cerne: “Não coma tudo. Deixa pr’os outros”.
            Minha primeira professora conversava conosco. Conquistava no convencimento. Pouco a pouco. Devagar. Cada dia um pedaço. Explicando. Exemplificando. Acreditava numa conversa pra dois. Usava palavras no diminutivo. Se acocorava para falar com os mais teimosos. Abraçava.
            Foi ela quem primeiro me falou de Deus. Disse que Ele era alguém que estava sempre presente, mesmo quando parecíamos sozinhos.
            Fazia-nos repetir com ela: “Jesus, meu amiguinho, me conduza sempre pelo bom caminho”.
            Descreveu a eternidade exatamente assim:... “se um passarinho viesse, de cem em cem anos, e com a ponta do biquinho tirasse uma gota de água do mar, um dia o mar secaria e teria fim. A eternidade, porém, nunca se acaba”.
            Cismei sobre aquilo, durante muito tempo, tentando delimitar tal medida, pois não conhecia nada que não tivesse fim, e misturei na idéia do conceito que se formava, o açude do Seu Dulce, que era a maior porção de água que eu conhecia.
            Naquele tempo não havia Programa de Merenda Escolar. Cada aluno colaborava como podia, para a sopa comum.
            Eu catava lenha pelo caminho da escola, e arrastava até o colégio, para ser usada no fogão.
            Minha primeira professora fazia a merenda. Utilizava utensílios enormes.
            Vez em quando deixava a sala-de-aula para mexer nas panela e atiçar o fogo. Voltava apressada com os cabelos espetados de cinza e fuligem.
            Eu ficava acordada na cama, esperando o barulho do pai, quando ele levantava, esperando a hora de sair para a escola.
            Pegava minha roupa de sempre, pendurada num prego. Enfiava os pés no chinelo, pegava a embalagem reutilizada de Cristalçúcar, contendo caderno e lápis, e saia pra escola.
            Os cordões de chuva encobriam o Morro do Chapéu. Eu ia pra escola.
            O Minuano atravessava a pelúcia do casaco. Eu ia pra escola.
            Café da manhã não houve. Merenda? Talvez. Eu ia pra escola.
            Os bois brabos de tropa que invernavam no campo do matadouro do Seu Dé, bufavam nas barrancas da estrada. Eu ia pra escola.
            Lá havia um mundo a minha espera, por trás das palavras encarreiradas no quadro-negro (e era negro). Brotavam da Cartilha do Guri, das Pincelada de Verde e Amarelo (em cuja contracapa estava escrito: “Estudar para saber. Saber para vencer”); daquilo que a professora trazia e lia pra nós. Ela sempre lia pra nós. Pairava o silêncio sobre as crianças. Nunca Coelho Neto fora tão convincente, com seu Pequenito, como na voz dela.
            Para chegar até aquele portal de possibilidades para o novo, eu atravessaria a cidade, se precisasse.
            Quando a geada branqueava a estrada, e os meus pés e mãos doíam, pra não me ver chorar, meus irmãos me propunham pequenas corridas até a olheira de sol mais próxima, que sempre me deixavam ganhar, e eu ficava me aquecendo por alguns instantes.
            Lá na escola, como era interessante o gorro de lã, da Zaíra. Com as luvas vermelhas da Rosana, eu sonhei muitas vezes. Quando minhas velhas roupas surradas eram notadas em alguma piadinha dos colegas, eu não deixava que ele voltasse pra casa ileso.
            Minha primeira professora me defendia dos pais das crianças que eu batia. Sempre argumentava que eu não fizera por gosto: ...”a suelizinha não fez por querer”, repetia.
            Parece que me enxergava por dentro, pois sempre atinava a real intenção dos meus atos. Ela sempre me supunha melhor do que eu era.
            Gostava de nós nos olhos. Na voz.
            Creio que de tanto ouvi-la dizer que eu não tinha má intenção nos meus maus atos, passei a não ver má intenção nos atos dos meus colegas, e as brigas foram cessando.
            Substituía a colega. Juntava as turmas. Repartia o quadro com um risco de giz(branco). Explicava. Explicava. E reexplicava.
            Varria o colégio. Enchia os baldes com água. Fazia expedições com os alunos mais corajosos contra os ninhos de camundongos da despensa da merenda.
            Brincava conosco no recreio. Naquele tempo, todas as crianças brincavam juntas numa única brincadeira. Corria. Se escondia. Pulava.
            Era Pata-Cega, a Cirandinha. Era o que quiséssemos que ela fosse.
            Organizava a fila. Cantava o Hino Nacional. Ensinou-nos a Posição de Sentidos (“...Calcanhares unidos. Ponta dos pés afastadas”...).
            Quando chegavam os ovos coloridos na venda do Seu Doralino, eu sabia que era chegada a Páscoa. Minha primeira professora trazia ovos de galinha, recheados com amendoim.
            Orava conosco, antes da merenda, agradecendo a Deus.
            Caçava pelas moitas vizinhas, os alunos fujões das vacinas obrigatórias que os soldados do 19 RI de São Leopoldo vinham, de Jeep, para nos aplicar. Eu mesma ela resgatou de uma moita e me levou no colo e chorou comigo dizendo que era para o meu bem.
            Lembro de uma feita que chegaram muitos vidros na escola, e foram distribuídos para os alunos e familiares coletarem amostras para análise de verminose. Minha primeira professora rotulou-os e os distribuiu, com cartazes que mostravam um Zeca Tatu amarelo, com pés descalços, em cujas solas entravam diversos vermezinhos.
            Durante muito tempo verifiquei a sola dos meus próprios pés, depois que vieram os resultados da análise, quando precisei passar longo tempo tomando Uvilon e Licor de Cacau.
            Minha primeira professora limpava nossos aranhões. Enxugava nossos olhos. Era boa. Podia-se contar com ela.
            Me deu aulas durante todo o Primário. Me ensinou sobre Números Negativos, me preparando para o exame de Admissão ao Ginásio.
            A escola era situada numa espécie de campo aberto, salpicado de elevações de cupinzeiro, onde as corujas faziam suas tocas; com um banhadinho onde morava uma família de quero-queros, que sofriam com as crianças no recreio. Tudo rodeado de maricás.
            Minha primeira professora vinha de longe à pé, do ponto onde a Rural Williams da prefeitura a deixava, e onde a esperávamos e disputávamos para irmos abraçados à sua cintura, até o colégio.
            Sempre me deixava escrever nos seus livros Diário e Comprovante. “Que capricho”, dizia.
            Quando olho para aquela criança que eu era, eu posso perceber que a dedicação dela foi decisiva para forjar o adulto que me tornei.
            Relembrando com ela, outro dia, interpelei qual autor que norteara sua metodologia pedagógica, se Paulo Freire, Foucald, Piaget, Perrenoud? ao que ela me respondeu: ...”Nos 52 anos nos quais lecionei, e mesmo no Pós-Graduação, muitos autores eu li; concordei com alguns, questionei outros. Mas o que me norteou, na verdade, era gostar de exercer o magistério, e o amor que eu sentia pelas crianças. Isto facilitava, porque as crianças, bem como os adultos, se tornam melhores, quando se sentem amadas”.
_______________________________________________________________
            Não devemos perder tempo, em se tratando de homenagear alguém.
            Este texto foi escrito como tarefa de aula, na disciplina de Didática, na graduação de Ciências Sociais, pela UFRGS, e posteriormente concorreu no Concurso Histórias de Trabalho, da Secretaria de Cultura de Porto Alegre, no ano 2004.
            No dia que levei uma cópia para a homenageada, ela havia baixado hospital, e nunca chegou a ler o que escrevi pra ela.
            Na verdade, no nosso último encontro, do qual, parte da conversa citei no final do texto, eu omiti, por respeito aos demais alunos que ela tivera, uma frase que muito me emociona ter ouvido, onde ela me disse que eu havia sido a melhor parte da sua realização profissional, e que eu estive todos os dias em suas orações, juntamente com seus filhos; e finalizou dizendo: “Eu te amo muito”.
            Choramos abraçadas.
            Como é perceptível, ela para mim foi mais que uma professora, foi mais do que uma amiga: ela foi uma mãe-amiga-professora, reunida numa pessoa só, na qual encontro todos os dias novas lições nas mesmas lições antigas.
            Por brincadeira do destino, na morte eu pude prestar-lhe homenagem, e então deixei este texto sobre o túmulo, misturado às flores que os outros alunos lhe ofertaram, por entender que qualquer outra coisa não diria tudo.
            Suelisilvânia

Passarinheiro



            Texto escrito para Bárbara, que sentava no chão... (Ele te livra-rá do laço do passarinheiro Salmos 91:3)


Precisamos olhar mais detalhadamente para aquilo que não gostamos de ver. Temos muito a aprender “na e com” aquilo que se apresenta desagradável ao nosso olhar.
            “A candeia do corpo é o olho.. .que a luz que em ti há não sejam trevas” Lc. 11:34-35.
            Seguidamente vem um passarinho brigar com sua própria imagem refletida na vidraça da minha janela.
            Sempre que alguém ou alguma coisa começa a me causar incômodo, eu me vejo como aquele passarinho, porque o que não gostamos no outro, é justamente ver refletido nele aquilo que nos desagrada ver em nós, mas que, de alguma forma, e por algum motivo, eu ainda não resolvi em mim.
            Eu tenho muitas desculpas, medos, rancores, temores, fraquezas, teimosias; que não encaro de frente, e que por isso mesmo, não saem de mim.
            Faz algum tempo, eu conheci uma moça que mendiga nas escadarias da estação do trensurb, na capital: levei pra ela roupas, calçados, cobertas...que ela não usa. Vive rasgada, suja, mal agasalhada. Convido ela pra vir comigo...ela me diz: “tal dia eu irei” - mas não vem.
            Me incomoda ouvi-la pedindo, ao me aproximar: “uma moeda, tia”
            ...“mas foi assim para que se manifestasse nele as obras de Deus” Jo. 9:3
            Eu queria lhe dar mais que uma moeda: Eu queria lhe dar o gosto de buscar sua própria comida, seu calçado, sua roupa... Eu queria lhe ajudar a entender que ela vale mais que uma moeda. E que, quando eu lhe dou, é tão pouco o que entrego, que é como se eu lhe estivesse dizendo: Tu vale somente isto. Teu preço é só este. Tô pagando o que tu vale.
            E ao mesmo tempo, muitas vezes nem a moeda tenho eu, no meu bolso. Então me sinto mais mendiga que ela, ainda.
            Ou fico pensando dela: “Ela quer dinheiro pra desperdiçar com drogas”, julgando-a.  
            Mas Jesus disse: “...dai a quem te pede”; e: “...tive fome e destes-me de comer...estava nu, e vestistes-me...”(Mt.25:35-36) 
            Em relação ao que se passa entre ela e eu, pouco ou nada me agrada: Nem quando eu lhe dou alguma coisa, porque alguma coisa não chega ser algo; nem quando eu não tenho nada pra dar, porque aí ela toca na minha ferida: eu me sinto mais pobre que ela, e a pior pobreza é a interior.
            Não raramente, não temos nada pra dar a alguém, e isto perturba meu coração. Me incomoda quando eu sento pra comer, quando percebo meus pés aquecidos, minha cama boa...minha casa espaçosa... E não ter nada pra dar...  
            Me incomoda com o porquê dela ser tão pronta para estar sentada no chão, no frio, com fome, ou na soleira do verão, pedindo uma única moeda. E não ter uma vontade para qualquer coisa que não seja depender de uma segunda pessoa.
            Por que ela se apega tanto ao tão pouco? Como eu?          
            Então eu comecei a entender que o que me incomodava nela, era justamente ver nela a mesma fraqueza, a mesma falta de vontade que vejo em mim, vez em quando. Me incomoda ver na atitude dela, a atitude de alguém que deixou de lutar pelo mínimo de dignidade humana. A mesma falta de coragem que eu vejo em mim, em buscar daquilo que me interessa, e ficar apegada à migalha.
            Me repugna o mau cheiro dela, o suor nauseabundo que ela tem, ao sol, que deve ser semelhante ao mau cheiro que o meu pecado deve recender no mundo espiritual.
            Todos pecaram... Todos pecamos  e estamos sujos...           
            Não gosto de ver restos de sujeira nos dentes dela, nos olhos dela, nos cabelos dela...mas também estou suja...
            Me enoja as vestes rasgadas, a falta de higiene nas mãos enquanto come. Até a ansiedade em comer com a boca cheia demais às vezes me deixa pensando.
            Eu descobri que eu não gosto de nenhuma destas características porque são as mesmas minhas, também, e eu as carrego comigo a contra gosto, sem fazer esforço para trabalhá-las em mim.
            Eu preciso limpar o meu coração, tirar dele sentimentos mesquinhos em relação ao outro. Eu tenho que parar de olhar com estes olhos da cara, que só vêem os defeitos nos outros... Eu preciso tirar a remela dos olhos.
            Eu tenho que parar de falar com a boca cheia. Eu preciso ouvir mais. Eu preciso ter fome é nos ouvidos...Eu preciso é ter ouvidos cheios de Deus, e boca vazia de mim.
            ...quem tem ouvidos, ouça...
            Preciso ter coragem para limpar as mucosas ressecadas do meu nariz. Meu cascão da alma.
            Limpar meu cabelo. Minha cabeça fede. Meus pensamentos recendem a imundície. 
            Aparar as unhas. Lixar meus calcanhares. Aprender a tocar as pessoas sem machucá-las, a não sujar aqueles que toco. Lavar meus pés, pisar com suavidade...Preciso pisar o solo sagrado com pés limpos.
            Me esvaziar de mim. 
            Me livrar do meu mau cheiro. O mau cheiro das minhas opiniões, das minhas colocações desnecessárias, dos meus achismos, dos meus julgamentos e conceitos...
            O linguajar do mundo deixa nosso hálito podre. Certas palavras que pronunciamos deixa nossa saliva pegajosa e a língua rançosa.
            Nossa falta de amor dentro da nossa casa, com nossa mãe, nossos irmãos; nossa falta de paciência e atenção com nosso colega de aula, de trabalho, com as pessoas que cruzamos, deixa nossa simples presença desagradável. Nossa aparência repugnante.
            Tenho fome de gostar do outro. Tenho sede de querer bem ao/pro outro.
            Nós sentamos nas escadas da nossa fraqueza, da nossa pobreza interior e esperamos que os outros alcancem nossa comida, nossa roupa...a mão. Que façam tudo pra nós: se me disser o que eu quero ouvir, então farei tal coisa...
            Sempre mendigando o que é do outro. A moedinha do outro. A sobra do outro.
            “Dá moedinha, tia?”
            Analisando mais detalhadamente: Isto é um pedido, ou uma pergunta? Que te parece? 
            Deus nos deu a melhor vestimenta, mas nos apresentamos diante dele como farrapos, descalços... Ele lavou nossos pés. Ele nos convida para estarmos com Ele, mas ficamos sentados no chão da nossa falta de fé. Da nossa falta de vontade da vontade de Deus pra nós.
            Deus age na nossa vontade pras coisas Dele. Na quantia da nossa vontade para com Ele, para com as coisas referentes a Ele. Na nossa disponibilidade. Disposição.
            Deus não vai nos levantar do chão, pelos cabelos...É o amor de Deus que nos ergue. Porque nos amou “de tal maneira”, que excede nosso entendimento. O amor de Deus é difícil de ser compreendido e vivenciado por nós. Crido.   
            Que mania que eu tenho de depender em tudo dos outros, quando eu só dependo da vontade que permito ser produzida em mim, pelo amor, e pela misericórdia de Deus?
            Quando vou levantar minha bunda do chão?
            Quando é que eu vou escovar meus dentes sujos de comer pela boca dos outros, pela leitura que o outro faz das pessoas, dos fatos, da vida? Quando é que eu vou ter minha própria escova? Meu pente?
            Cadê o banheiro pra tirar esta sujeira que tem se acumulado em mim? Não quero mais este lixo na volta. Chega desta nojeira de me espojar nas mesmas lamas, como um porco.
            E por que moedinha? Se Deus tem pra nós uma vida decente, casa, amigos, família, pessoas que nos ame? ...vida abundante? 
            Que noção terá aquela moça do que seja o amor de Deus? Quando eu mesma pouco realizo o amor de Deus na minha vida, e vejo esta mesma realidade ao meu redor?
Quando tenho ouvido muitas vozes falando sobre amor... Pregadores fervorosos do Amor, e uma pobreza da real efetivação deste amor vivido e repartido?
Amor só vive em comunhão.
            Estamos sentados no chão da nossa falta de vontade. Da nossa falta de amor, doação, da nossa falta de fé. De temor a Deus, de chorar pelos que sofrem, pela alma dos perdidos, dos que não conhecem a Deus. Na nossa falta de amor por Jesus. De gostar de Jesus. Gostar dele. Gostar.
            Eu preciso parar de mendigar pão na mesa de meu pai, de andar molamba na tecelagem dele, de implorar trocado, na casa da moeda dele.
            Nascer de novo. Me tornar filho. Ser herdeiro. Herdeiro não mendiga herança: toma posse dela.
            Precisamos assumir nossa filiação, aceitando ao nosso irmão mais velho, e obedecendo ao Pai.
            Amar a Deus, de todo o meu coração, de toda a minha alma, com todo meu entendimento e com toda a minha força.
            E permanecer nele.
            “Aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”. Jesus Cristo
            Vamos pra Cristo e com Cristo, juntos?

Eu fui todo mundo, hoje EU SOU


            
           
           
Estes últimos dias tem sido de intensa correria. Os seres humanos tem vivido com pressa de tudo. É segunda-feira e pensamos na sexta. É hoje, e o dia seguinte já está planejado. É vendida a imagem de que é preciso ser ágil, versátil, pro-ativo, ... É preciso ganhar tempo... (Ganhar ou perder?)


Corremos para todos os lados, mas não nos voltamos para aquele que pode todas as coisas. Queremos tudo de Deus, mas não entregamos nada pra Ele. Pedimos tudo pra Deus, dizemos o que e o como queremos. Se possível determinamos a hora, e, de preferência, até o local. Chamamos Deus: “Senhor”, e O tratamos como empregado, sem nem ao menos pagar o salário mínimo.

            E como vamos pagar a Deus, que não enxergamos, se nada damos aos que nos pedem e dos quais desviamos o olhar para não ver?

            No entanto, a misericórdia divina se renova a cada manhã, e só por ela estamos respirando neste momento. Encha teu pulmão de ar... Visse? Você ainda tá vivo(a). Você ainda tem jeito.

            Vê se consegue deixar esta ficha cair. O quê que tu tá ganhando com esta ficha trancada? Vamos ser inteligentes, ao invés de sermos mané/maria-vai-com-as-outras/peitoestofado/pescoço-de-porcelana. Marionetes que a Mídia leva para onde quiser: faz de você um bobo/a: você usa a cueca que eles mandam, bebe a cerveja que eles determinam, a marca do automóvel que “combina” contigo (último modelo, dizem. Mas qual é o último? Aquele modelo que já está ultrapassado para aqueles que pagam a mídia para nos manter na mão), o celular é vivo, a internet é terra, ...e tu um morto/vivo no mundo da lua. Da lua, quem dera tivéssemos os pés na terra.

            Visualise você na frente da TV/Internet... olhe tuas expressões, se é que sobrou alguma pra ti (pois você olha para a cara das pessoas, na rua, e elas não tem expressão de nada, falam e riem sozinhas... pois são muito espertas), e veja como te impressionas com o que está acontecendo na vida do Sr. fulano de tal.

            Como você precisa ganhar tempo, para gastar bisbilhotando sobre o que acontece Lá. Lá com aquela meia dúzia de pessoas que estão no topo, que são notícia.
            E de Ti, do Daqui, o que concerne a ti, quem tá preocupado contigo? Quem sabe de ti? 
Psiu, como/onde/quando está Tu? Acorda, cadê a tua vez? 
            Nós queremos correr e ganharmos tempo (mas não sabemos nem usar o tempo que temos (que na verdade é aquele dado pela misericórdia de Deus)), e nos frustramos sem saber o que fazer com o emaranhado de probleminhas que vamos deixando acumular em meio a correria sem rumo.

            Mas não dá pra sair da frente da TV. Se eu saio daqui, o quê que vai ser de mim? Quem é que vai determinar a altura do cós da minha calça? E aquela frase vazia de sentido que todo mundo aprendeu na novela das oito (8?), como é que eu vou ficar se não souber pronunciar bem direitinho, igualzinho ao biquinho feito por aquela atriz, qual é o nome dela, mesmo? Ou seria aquela outra? 

            Eu preciso ser igual. Eu tenho fome de ser igual, de fazer igual a todo mundo.

            Todomundo, é a pessoa que eu mais admiro. Todomundo come só as comidinhas determinadas pela TV, canal 4,5,6,7,... porque todos eles propagam receitas e mais receitas. Mas não dão a receita de como arranjar dinheiro pra pagar tudo aquilo. Todomundo é tão diferente. Usam a calça meio caidinha assim, como a minha. O umbigo do Todomundo tem o mesmo pinduriquinho de metal, pois se tem uma coisa que Todomundo gosta é de olhar para o próprio umbigo. As unhas de Todomundo são pintadas/enfeitadas/diferentes, como as dos outros Todomundos.

            Eu me sinto muito bem, sendo radical/único/exclusivo/Todomundo.

            Os filhos(as) de Todomundo comumente são esquecidos do outro lado da mesa ou do sofá, pois a mídia suga todo a atenção do Todomundo-pais. E a solidão dos filhos os vão tornando cada vez mais independentes dependentes-químicos-homoxesualizados.

            Todomundo é bípede, mas tem muitos sapatos. Porém o que ele mais gosta é aquele que ainda tá lá no Schoping... Shoping é o point do Todomundo: Um local repleto de vaziedades. 

            Uma coisa que Todomundo pratica com maestria é a caça ao R$. Ele se identifica com aqueles papeizinhos fedidos e sujos. Se tornam presas fáceis da sua própria caça e são devorados por ela. Mas Todomundo se julga muito esperto. No final da vida, ainda estão procurando: “O que quê eu fiz da minha vida?” “Cadê a minha vida”? “Onde foi parar a minha vida?” “Alguém viu a minha vida passar?” “Pra que lado ela foi”?

            Todomundo pronuncia palavras como: Liberdade, vida, felicidade. Aprendem seus significados no dicionário, porque nunca conseguem vivê-las em sua plenitude. Falam muito em paz, mas só fazem guerra. Não conhecem o que é paz. Nunca souberam o que seja paz. Nem nunca saberão, poque a verdadeira paz não é deste mundo, que é o mundinho do Todomundo.      

            Todomundo é Tri: Um Mix de técnico de futebol, mecânico de automóvel e degustador de destilados. Igualzinho a mim.Todomundo é chiq. Ser Todomundo eu amo tudo isso.
____________________________________________________________________________
            Em torno do ano zero, os tempos eram de intensa correria. Os Todomundos corriam de lá para cá, e de cá para lá. Afinal, eram muitos impostos para cobrar e muitas cabeças pra cortar. Não havia metal nos umbigos, as vestimentas é que eram metalizadas. A mídia era no teti-a-teti, no fio da espada. Os Todomundo eram tais aos nossos, ancestrais destes.
            Mas Deus amava Todomundo de tal maneira que mandou seu filho, por aqueles dias, para amar/acordar/limpar/santificar/apacentar/alimentar/libertar/desedentar/salvar Todomundo. Porém a correria era tanta, pois Todomundo, como eu já expliquei acima, é alguém muito ocupado, e não tiveram tempo para compreender o que se passava fora de seu aparelho digestivo e mandaram matá-Lo no lugar de um assassino. Afinal, eles estavam ocupados com coisas importantes.
            E Todomundo está correndo até hoje, atrás de alguma coisa, sem se dar conta de que o que ele procura está resumido naquele que ele matou.
            Mas Jesus sendo Deus, ressuscitou (nasceu de novo), porque sabe que dentro de cada Todomundo há um ser que tem alto valor pra Ele, e por quem Ele pagou com a vida, morrendo na cruz. Ele chegou mesmo a confessar: “Eu vim SÓ pelos Todomundo”. Isto é, Ele, mesmo sendo Deus, abriu mão de sua alta patente, e desceu aqui, pra morrer por Todomundo, pois os AMOU PRIMEIRO. Antes que Abraão existisse, Eu Sou, Ele diz em Jo, 8, 58.
            Se tem alguém que não sabe o que é amor, é o Todomundo. Ele acha amor uma coisa ridícula, pra bananas. Mas chora feito bobo, em seu travesseiro, sozinho, por falta de amor. Deveria criar coragem pra se olhar no espelho, naquela hora, para ver o quanto ele é fraco, querendo se parecer forte.
            Todomundo só adquire identidade própria quando reconhece e aceita Jesus na sua vida. É no “tudo-fácil” de Cristo que imprimimos nossa verdadeira identidade.

Eu era uma Todomundo, mas quando eu conheci o EUSOU, Ele me fez ser Sueli. Não qualquer Sueli, mas Sueli Silvânia da Silva. Encontrei meu eu, meu lugar e minha vez.
            Antes eu dizia bobagens pra alegrar os outros, porque sabia que dentro deles havia a mesma tristeza e vazio que habitavam em mim. Lia Marx, Weber, Ricardo, Keynes, Saussurre, Yung, Piaget...(Depois percebi que os coitados/limitados não conseguiram/conseguem/conseguirão resolver nem seus problemas pessoais, quanto antes da sociedade, ou de um vilarejo, que seja), pois eu queria resolver meus problemas, a partir das idéias deles.
            Agora eu leio aquilo que a mídia não consegue manipular, que não foi produzido por mente humana. Que encerra uma sabedoria que tudo que li em mais de 10 anos de universidade nem se compara a um pequeno versículo. Me vejo obrigada a pensar, a raciocinar, a entender... Penso, logo, sou EU. Eu sou eu, afinal.
            Se tornou bom viver aqui dentro de mim, sentir as coisas que são as minhas. Tenho meu canal exclusivo. Minhas roupas, comidas e umbigo são meus. São os meus. Tenho as senhas e acessos que me interessam, pois o EuSou me dá. Aliás, Ele só me mostrou como usar a cabeça que já havia me dado desde o ventre da minha mãe.
            Quando se é Todomundo só pensamos com a cabeça dos outros Todomundo.
            Pensamos, não, excretamos com a cabeça dos outros.
            Parei de correr atrás do vento. O EuSou me ensinou “Não andeis ansiosos por coisa alguma”. Pronto, foi eu colocar este ensinamento em prática e logo me apareceu tempo de todos os lados. O EuSou sabe e me conta todas as coisas que me dizem respeito. É comigo.
            Quando Ele disse pra mim: EUSOU o caminho, EUSOU a verdade e EUSOU a vida, eu coloquei meu eu-Todomundo no lixo. Aliás, coloquei na lixeira, porque eu era um lixo, quando era Todomundo. Vem ser tu. Tu és exclusivo e único pra Deus. Vem pra Cristo, você também.